domingo, 15 de novembro de 2009

QUEM TEM O DIREITO DE DITAR AS REGRAS?


Nessa madrugada, o programa Altas Horas recebeu a presença da universitária Geisy, envolvida no escândalo do “vestido vermelho” na Uniban. A intenção do apresentador do programa parece ter sido levantar a discussão sobre a legitimidade da reação dos alunos daquela instituição, e foi ai que a coisa começou a ficar interessante.

A discussão sobre o que é ou não legítimo na sociedade não é recente nem está concluída. Talvez isso pareça muito filosófico, contudo cada um de nós se depara com inúmeras situações cotidianas, nas quais precisamos legislar sobre o que é certo ou errado. Afinal de contas, quem tem o direito de dar a palavra final nessa discussão? O que segue são quatro possíveis respostas para essa pergunta.

NINGUÉM! Afinal, como alguém poderia ter direitos sobre aquilo que eu decido ou não, fazer? Isso é algo de foro íntimo! Eu tenho o direito de abrir o meu guarda roupas e escolher sair com aquilo que me agrada! E mais! Se eu quiser sair sem nada, totalmente nua! Quem pode me julgar? As pessoas são livres para fazer aquilo que querem!

Essa é uma possível resposta, contudo ela não abre margem para protestos, pois se todos tem o direito de agir da maneira que bem entendem, fica patente que qualquer um pode REAGIR, como pensar ser mais conveniente. E se diante de um vestido curto, eu decido dar vazão aos meus desejos sexuais, quem é que pode me recriminar? A discussão então caminha para a necessidade de um legislador externo para averiguar se os desejos são legítimos ou não. Esse pensamento abre a possibilidade para uma segunda possível resposta ao questionamento sobre quem tem o direito de ditar as regras.

O ESTADO! Somente o Estado tem o poder de legislar e usar a força numa sociedade civilizada. Se as leis do Brasil permitem que eu me vista da maneira que eu quero qual é o problema? O problema é que o estadista também pode legislar em causa própria, legitimando atitudes criminosas e promovendo a desigualdade social. Além disso, existe uma distância muito grande entre a velocidade em que as relações humanas se dão, e a capacidade que o Estado tem de julgá-las. Nesse sentido o poder deveria estar mais próximo do povo, de maneira que todos, ou pelo menos a maioria, pudessem decidir. Essa é outra possível resposta para a grande questão de quem pode ditar as regras.

A MAIORIA! O maravilhoso conceito de democracia limita o poder totalitário do legislador estadista, ao mesmo tempo, que permite que existam regras e que elas sejam elaboradas de maneira que os direitos da maior parte das pessoas sejam respeitados. Só tem o pequeno problema: quando a maioria dos alunos de uma universidade deseja atacar uma estudante, não significa necessariamente que por estarem em maior número, eles tem o direito de passar por cima da integridade de uma única pessoa. A voz do povo não é a voz de Deus, e por conseqüência não está sempre certa. Ops! Deus, será que poderíamos atribuir a Deus o direito de ditar as regras?

DEUS! Imagine uma consciência que estivesse acima do bem e do mal. Que não se deixasse levar por interesses econômicos, pois é o criador do ouro e da prata! Alguém que tivesse a capacidade de penetrar os pensamentos, sondando até o mais íntimo do subconsciente humano. Como alguém poderia enganá-lo ou até mesmo ignorá-lo? Ele não teria problemas com a quantidade de processos para julgar, isso porque está em todo lugar o tempo todo. E seu veredicto poderia ser conhecido até mesmo antes do fato problemático. Mas existe um problema no fato de Deus ser quem dita as regras: como conhecer a vontade de Deus!

Creio que o problema da moral humana não pode ser resolvido a partir de outra perspectiva, senão a divina. O conceito que as pessoas têm de Deus, seja ele, bem elaborado ou não, determina a maneira como elas se comportam diante das questões morais da vida. A discussão mais urgente hoje, não é sobre este ou aquele vestido, mas sim, se Deus pode ou não ser conhecido! A partir dessa constatação depende todo julgamento humano. Inclusive a moda!

3 comentários:

  1. Lucas, gostei. Foi provocador! Já que vc deixou a questão aberta, então vou dar o meu pitaco.

    Vc escreveu: "A discussão mais urgente hoje, não é sobre este ou aquele vestido, mas sim, se Deus pode ou não ser conhecido!"

    Se existe um Deus que é Criador de tudo e de todos; se Ele é único e o soberano do Universo; se nós, seres humanos, fomos criados por ele; se ele é tão inteligente quanto imaginamos; se nós, seres humanos, fomos providos da capacidade de decisão, se somos seres responsáveis; então, não é natural concluir que esse Deus tenha certas espectativas quanto a tudo o que Ele criou?

    Ou seja, se Deus existe, nos criou, e nos dotou de liberdade, não é natural pensar que esse Deus tenha planos para nós?

    Enfim, estou seguindo essa linha de raciocínio, para chegar ao seguinte:

    Se Deus existe, é Criador, é Todo-Poderoso, se nós somos seres livres e autônomos, por que Ele fez isso tudo? Qual a intenção dEle? Quais os seus propósitos? Se Deus é um ser supremo, criou e governa o Universo, o que Ele espera disso tudo? Ou melhor o que ele espera de nós? Quais são as decisões que Ele gostaria que tomássemos?

    Não sei se todos acham isso tão lógico quanto eu acho, mas eu só posso concluir que Ele tem planos! Que Ele espera algo de nós!

    Mas a sua pergunta é: Deus pode ou não ser conhecido?

    Ele só poderia ser conhecido se Ele se desse a conhecer. Deus só seria tema da nossa discussão aqui, se Ele tivesse criado um meio pelo qual o descobríssemos, assim como, os seus planos, propósitos, vontade, etc.

    Deus pode ou não ser conhecido?

    Se Ele é tudo o que nós pensamos (falo "nós" de modo geral, de acordo com o senso mais comum na sociedade); se Deus é tudo o que nós imaginamos, não seria natural que ele se desse a conhecer, desse a conhecer seus planos, e nos provocasse a tomar alguma decisão diante de tanta coisa interessante nesse mundo?

    Se Deus existe, tenho certeza de que Ele se faz conhecido, que é possível conhecê-lo, que é dever da criação conhecê-lo e descobrir qual o sentido da vida.

    Se Deus não existe, não entendo como estou aqui. Se eu chegasse à conclusão de que Ele não existe, eu duvidaria da minha própria existência. Afinal, minha fé não é grande o suficiente para crer no Big Bang e no naturalismo.

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  2. Nunca vi um blog onde apenas os autores
    fazem os comentários..

    Onde está a democracia?
    Ou é o blog que está bombando?
    Não desistam, daqui uns anos as pessoas vão
    ser obrigadas a ouvi-los...

    Não levem a mal, meus queridos irmãos.
    Eu os amo.

    Mais uma coisinha, o vestido da moça era rosa.

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