segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

QUEM É O EVANGÉLICO?


Quarenta e dois milhões de evangélicos: esse foi o último número divulgado pelo IBGE  referindo-se ao número de cristãos protestantes que se somam à população brasileira.

Segundo os dados do Instituto, em 1970 éramos 5,2% da população; em 1980, 6,6%; e em 1991, 9%; em 2000, 15,6%; e, recentemente, em 2010, 22,2% (42.275.440).

Quando se fala em evangélicos, contudo, sabemos que não se trata de um grupo homogêneo. Basicamente, existem os Históricos, Pentecostais e Neopentecostais. Para quem não entende essas distinções é necessário um breve esclarecimento:

1.  HISTÓRICAS são as Igrejas provenientes da Reforma Protestante ocorrida na Europa a partir do século XVI, ou cujas tradições remontam a princípios evangélicos defendidos por esse evento. Luteranos, anglicanos, batistas, presbiterianos, metodistas, congregacionais, são alguns exemplos do que podemos chamar de Igrejas cristãs históricas.

2.  PENTECOSTAIS são as Igrejas nascidas a partir da primeira década do século XX, a partir do pressuposto de que a Igreja contemporânea deve manifestar o exercício de dons extraordinários, tais como glossolalia, revelações, curas, etc. Em geral, seus cultos se caracterizam por manifestações bastante emotivas compreendidas como êxtases espirituais. No Brasil, destacam-se a Assembleia de Deus, a Igreja Brasil para Cristo, a Igreja Deus é Amor, a Igreja do Evangelho Quadrangular, entre outras. Destas, somente a Assembleia de Deus faz parte do primeiro movimento pentecostal chamado Pentecostalismo Clássico.

3.  As Igrejas chamadas NEOPENTECOSTAIS nasceram a partir da década de 1970. Teologicamente, possuem inovações polêmicas, mas o que se tornou um grande diferencial e que muito contribuiu a seu crescimento explosivo foi o uso de poderosos veículos de comunicação, tais como Rádio e TV. Embora seja o grupo mais jovem, as Igrejas neopentecostais são as que mais crescem numérica e economicamente. Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), Igreja Internacional da Graça, Igreja Renascer em Cristo, Igreja Sara Nossa Terra, e Igreja Mundial do Poder de Deus são alguns exemplos de denominações neopentecostais.

A princípio, o neopentecostalismo pareceu se tratar de uma renovação dentro do pentecostalismo, e esta é uma das razões pelas quais até hoje pentecostais e neopentecostais são frequentemente confundidos. A própria imprensa secular costuma se atrapalhar, devido à semelhança dos termos. Outro fator que provoca tal confusão é que, sendo as Igrejas neopentecostais as maiores detentoras de poder midiático, tornam-se também as mais influentes dentro do evangelicalismo. Desse modo, suas características religiosas têm sido gradativamente assimiladas pelas igrejas evangélicas, especialmente pelos pentecostais.

Quando desafiados a identificar semelhanças e diferenças entre esses três grupos, os evangélicos têm apresentado o seguinte esquema:

HISTÓRICOS
PENTECOSTAIS e
 NEOPENTECOSTAIS

Nesse caso, a diferença consistiria fundamentalmente em se acreditar ou não na contemporaneidade dos dons extraordinários. Entretanto, outra forma possível de se propor essas associações seria aquela baseada nas marcas da verdadeira Igreja, a saber:

(1) a fiel pregação da Palavra;
(2) a correta ministração dos Sacramentos;
(3) o fiel exercício da Disciplina.

Nessa proposta, o primeiro grupo fica com as Igrejas que se identificam com tais marcas, enquanto que no segundo grupo, as demais. Nesse caso os pentecostais mudariam de lado:

HISTÓRICOS e
PENTECOSTAIS
NEOPENTECOSTAIS

Ora, uma vez que os elementos da fé que unem históricos e pentecostais são bastante superiores aos que nos separam, é natural que a intenção deste artigo não seja comparar nossas diferenças. Discordamos, sim, em alguns pontos teológicos, mas são questões secundárias; já nos assuntos primários da fé, nós concordamos.

É imprescindível, portanto, para que definam melhor sua própria identidade, que os pentecostais corrijam sua visão acerca dos neopentecostais. Pentecostais e neopentecostais não podem ser confundidos!

POR QUE NÃO SE PODEM CONFUNDIR 
PENTECOSTAIS E NEOPENTECOSTAIS?

Como já afirmado, os pentecostais têm sido bastante influenciados pela mídia neopentecostal, mas historicamente não subscrevem o mesmo credo, nem exercitam sua religiosidade do mesmo modo.

Originalmente, os dois grupos não veem a Prosperidade e a Guerra Espiritual sob a mesma perspectiva. Os pentecostais são comprometidos com os ensinos bíblicos, não acreditam que Deus tenha deveres em relação a seus súditos, não enxergam a Deus como um ser manipulável, e nem encaram o diabo como uma entidade equivalente a Deus. Pentecostais não fazem mandingas, não dependem de rituais de purificação ou de quebra de maldições. Pentecostais não creem em cobertura espiritual, e nem advogam a doutrina do “poder da palavra” (confissão positiva).

Pentecostais não almejam poder político, ou representação evangélica no Congresso (ops... isso eles aprenderam). Pentecostais não ensinam que o Reino de Deus consiste em prosperidade. Ao invés disso, ensinam que seguir a Cristo implica em constantes perseguições, consequente intimidação, exclusão social, prejuízos financeiros; tudo causado injustamente, mas por causa da fidelidade ao nome de Jesus acima de todas as coisas.

Pentecostais aprenderam do Senhor que devemos nos contentar com aquilo que Deus nos dá: piedade com contentamento (1Tm 6.3-10). Se querem mudar sua realidade econômica, pentecostais trabalham duro e esperam em Deus; não esperam ficar ricos por muito orar ou por darem suas propriedades para a Igreja, mas acreditam que Deus suprirá tudo aquilo de que tiverem necessidade, se eles buscarem em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça (Mt 6.25-34).

Pentecostais sabem que Deus ouve suas orações, e não dependem da mediação de líderes considerados mais espirituais para que seus alvos sejam alcançados diante do Senhor (1Tm 2.5). Pentecostais não fazem campanha para seu próprio enriquecimento, nem para afastar o encosto, a inveja, ou o olho-gordo (1Jo 5.18). Pentecostais fazem jejuns para melhorar sua espiritualidade, para sua santificação, fazem campanhas pela salvação de seus familiares e amigos, dedicam-se em oração por causas piedosas e honradas (1Ts 4.3).

Pentecostais não formam franquias religiosas; plantam Igrejas (Mt 28.18-20). Para os pentecostais, a pregação do Evangelho não visa conquista de poder, mas a salvação do pecador. Para os pentecostais o trabalho de evangelização mundial não depende do poderio econômico, mas unicamente de Deus. Os recursos financeiros necessários para a execução dos projetos missionários dos pentecostais são provenientes de dízimos e ofertas, recolhidos voluntariamente e nunca por pressão, intimidação, constrangimento ou propostas de barganha espiritual.

Pentecostais creem na sucessão apostólica que reside na doutrina dos apóstolos, e não aquela fundamentada em pessoas (At 2.42). Pentecostais leem a Bíblia e se humilham diante de Deus, reconhecem suas limitações e depõem todas suas expectativas nas mãos de seu Senhor, Jesus Cristo, o Filho de Deus Todo-Poderoso. Para os pentecostais, a Bíblia é sua única regra de fé e prática; para eles, a Palavra de Deus está sempre certa. Pentecostais rejeitam falsos mestres, falsos profetas e falsos apóstolos.

Pentecostais se submetem ao processo de santificação que acompanha a salvação oferecida em Jesus Cristo (Ef 2.10). Quando exortados pelas Escrituras Sagradas, pentecostais convertem seu mau procedimento, se arrependem e se fortalecem em Cristo para a eficaz transformação de seu caráter, segundo a imagem do Filho de Deus (Ef 4.11-14). Pentecostais mudam de vida! (1Co 5.17)

Enfim, pentecostais são bem diferentes dos neopentecostais. Via de regra, os neopentecostais são simplesmente o inverso de tudo o que foi acima acentuado.

NEOPENTECOSTALISMO vs. EVANGELHO

Os neopentecostais foram os evangélicos que revolucionaram o presente movimento político de representação evangélica nos cargos eletivos em todas as esferas governamentais. As denominações neopentecostais querem o poder. “Em favor do Evangelho”, investiram nos meios de comunicação. Através da mídia, chegaram ao capital. Com o capital, perceberam as oportunidades se abrindo como um leque, e entre todas as opções com que se depararam, julgaram que o poder político era um investimento que traria ainda maiores oportunidades. Tudo isso sob o pretexto de que o Evangelho seria anunciado. Mas não foi bem isso que aconteceu: o poder veio, e o Evangelho foi jogado para escanteio.

Devido a sua ética relativista, típica da pós-modernidade, os neopentecostais se revelaram extremamente pragmáticos (“os fins justificam os meios”). Líderes neopentecostais não se importam se é certo ou errado; mas se vai dar certo, se funciona, se traz resultados, etc. Aplicados na política, esses princípios se identificaram com a famigerada falta de ética dos políticos brasileiros. Foi um “casamento perfeito”. Continuam fazendo do Evangelho o pretexto pela busca do poder (capital, mídia, política), o que leva ao contínuo crescimento do império neopentecostal no Brasil.

O DEVER DE PROTEGER O REBANHO QUE NOS FOI CONFIADO

Detentores da maior parte da mídia chamada gospel, esses grupos cativaram o público evangélico brasileiro. Acreditando se tratar de irmãos, os evangélicos desavisados se tornaram clientes de seus programas de Rádio e TV. E, apoiados na justificativa de que é melhor assistir a um “programa evangélico” do que assistir a uma desprezível novela da Rede Globo, os crentes de todas as denominações assistem ao Show da Fé, certos de que estão fazendo algo bom e salutar, algo de que Deus se agrada.

Tais pessoas pensam estar crescendo em Deus já que, em suas respectivas Igrejas, nenhuma palavra objetiva tem sido dada a respeito dos prejuízos nefastos à fé a que está sujeito aquele que se expõe aos falsos mestres da presente geração. Negligência e omissão são os pecados das Igrejas e dos líderes evangélicos que não se pronunciam acerca do caráter herético de tais entidades religiosas e seus programas de TV e Rádio.

Minha Igreja já se posicionou contra duas delas, a saber: a Universal do Reino de Deus e a Mundial do Poder de Deus. Para nós, essas instituições já deixaram de ser reconhecidas como genuinamente evangélicas, por entendermos que Edir Macedo e Valdemiro Santiago não pregam o Evangelho de Cristo. Embora se digam porta vozes de Deus, embora até usem a Bíblia em suas mensagens, eles não deixam a Bíblia falar.

É responsabilidade dos líderes evangélicos, líderes das Igrejas reconhecidamente evangélicas, fazerem conhecidos os nomes dos falsos mestres que tem dispersado as ovelhas do Senhor. Assim faziam os líderes da Igreja primitiva. Os nomes devem ser anunciados, suas ovelhas devem ser alertadas, elas devem ser precavidas de que aqueles que se afastaram do Evangelho são apóstatas e, portanto, mais perigosos do que as telenovelas transmitidas diariamente na TV brasileira.

O apóstolo Paulo, na primeira carta a Timóteo, faz alertas a respeito dos falsos mestres, e cita nomes: Himeneu e Alexandre. Também na sua segunda carta, Paulo trata dos falsos ensinos, e volta a citar nomes: Himeneu e Fileto. João, em sua terceira carta, alerta a Igreja para que tome cuidado com certo homem mau, e diz o seu nome com clareza: Diótrefes. No Apocalipse de João, o Espírito que traz revelação às sete Igrejas da Ásia Menor, parabeniza a Igreja de Éfeso por rejeitar os hereges, ao passo que repreende a Igreja de Pérgamo por manter esses mesmos hereges no seio da Igreja, a saber: os nicolaítas.

São abundantes nas Escrituras as passagens que nos chamam a atenção para zelarmos pela sã doutrina, para rejeitarmos os falsos mestres, falsos profetas e falsos apóstolos. Dentre elas, destacam-se: Mt 7.15-23; 1Tm 4.1-16; 1Tm 6.3-10; 2Tm 2.14-26; 3.1-17; Tt 1.10-16; A Carta de Judas; 3Jo 9-12.

PRECISAMOS DE VERDADEIROS PROFETAS

Qual era o papel do profeta no Antigo Testamento? Em geral, as pessoas imaginam que sua principal função era prever o futuro. Sendo um pouco observador, contudo, é possível se notar que a maior parte da atividade profética desse tempo não se concentrava nisso, mas em denunciar o pecado, pregar a lei de Deus, e chamar o povo ao arrependimento. O profeta não costumava trazer “novas revelações”, mas basicamente chamar a atenção do povo para a antiga revelação, convocando-o a renovar sua aliança com Deus.

Deus tem levantado profetas na pós-modernidade. Homens e mulheres comprometidos com a sã doutrina, e suficientemente revoltados contra os abusos cometidos em nome da fé. Essa coragem e santa ousadia têm sido veiculadas na internet, através de blogs e redes sociais. Os descrentes têm tido oportunidade de constatar que nós não compactuamos com as besteiras do evangelho neopentecostal. O mundo tem podido ver e reconhecer que há um abismo que separa os crentes dos neopentecostais. Não somos farinha do mesmo saco!

Todavia, como todo profeta da antiguidade, os atuais não são menos perseguidos. Levantar sua voz contra os poderosos não é uma tarefa confortável. Os hereges têm discípulos, e sobejam. No espaço destinado a comentários dos leitores destes blogs, os cegos seguidores dos pervertidos reagem nervosos e contrariados. Vociferam contra todos aqueles que apontam o erro. Usam as Escrituras para pregar um tal dever de passividade diante do caos que esses homens malignos têm causado, deturpando a bela mensagem de Cristo em nome do próprio interesse. Os comentários revelam o ódio que sentem por verem seus líderes criticados pelos verdadeiros profetas desta geração. Se tivessem oportunidade, serrariam pelo meio a cada um deles.

Ora, não deveríamos nos admirar de tal reação. Timóteo já havia sido alertado, quando Paulo previu: 
“Virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos. Você, porém, seja sóbrio em tudo, suporte os sofrimentos, faça a obra de um evangelista, cumpra plenamente o seu ministério." (2 Timóteo 4.3-5).
Desse modo, devem ser denunciados nomes como os de Edir Macedo, Valdemiro Santiago, Romildo Ribeiro Soares (o “R.R.”), César Augusto, Robson Rodovalho, Márcio Valadão, Renê Terra Nova, Valnice Milhomens, Neuza Itioka. E mesmo aqueles outros que, embora não sejam neopentecostais, mas, desviados da verdade, ainda têm influência sobre os crentes, como Caio Fábio, Ricardo Gondim e Lana Holder. Todos devem ser tratados como “armados e perigosos”. Outros homens de peso internacional devem ser igualmente apontados, e as ovelhas devem ser desencorajadas a ler seus livros: Benny Himm, Kenneth Hagin, Kenneth Copeland, T. L. Osborn, dentre tantos outros.

O ponto em questão é o seguinte: todos esses homens e mulheres, apesar de desfrutarem de grande reconhecimento entre os evangélicos brasileiros, não passam de falsos mestres. São  hereges. Esses nomes devem ser denunciados dos púlpitos das Igrejas evangélicas. Cada denominação deve assumir um posicionamento oficial contra os loucos.

Eu sei que os pentecostais têm sua quedinha por Benny Himm. Mas eu também sei que são sóbrios o suficiente para reconhecerem onde precisam se distinguir dos neopentecostais. Infelizmente, Silas Malafaia também tem seguido um caminho sombrio, e parece que não demorará a que ele também seja incluído entre os que abandonaram a religião pura e sem mácula. Os pentecostais são uma grande força da igreja evangélica brasileira. Eu não gosto de vê-los confundidos aos hereges. Mas tenho visto muitos deles se deixarem influenciar pelas baboseiras destes homens da iniquidade.

Irmãos pentecostais, levantem-se, assumam sua própria identidade que é muito superior a esta moda evangélica. Distingam-se dos pérfidos amantes das riquezas. Mostrem para o mundo que vocês são muito mais do que seguidores de campanhas, macumbas gospel ou mandingas de crente. Os pentecostais não podem ser confundidos com os neopentecostais! Eles não são evangélicos, são pagãos. Eles não têm igrejas, têm negócios. Nós não reconhecemos seus sacramentos e nem são convidados para que se sentem conosco na mesa do Senhor.

Então, como devemos tratá-los? Evangelize-os. Pregue Cristo e a Cruz de Cristo, pregue a ressurreição do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus. Convide-os a que entreguem suas vidas a Cristo Jesus, que se arrependam de seu envolvimento com os falsos apóstolos, que neguem a fé enganosa que abraçam, e que afirmem uma fé renovada no Cristo das Escrituras. Chame-os à conversão!

Quanto a nós, protejamo-nos dos lobos, e protejamos os rebanhos que Deus nos confiou. No nome do Senhor Jesus, sejamos corajosos para não pecarmos por negligência. O poder e a influência dos hereges não podem mais nos intimidar. Posicionemo-nos pelo Evangelho, por Cristo, e pela Glória de Deus! Comportemo-nos como verdadeiros profetas! Sejamos evangélicos!