"Então, chamando-os novamente, ordenaram-lhes que não falassem nem ensinassem em nome de Jesus. Mas Pedro e João responderam: Julguem os senhores mesmos se é justo aos olhos de Deus obedecer aos senhores e não a Deus. Pois não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos."
Atos 4.18-20
No começo, eu dizia que Marco Feliciano
não representa o povo evangélico brasileiro, senão essa massa inculta
neopentecostal. Eu estava enganado. Depois de tantas
semanas observando essa polêmica em que ele se meteu, com tristeza constato que ele representa, sim, os evangélicos.
Em poucas décadas,
"ser evangélico" assumiu novos significados, e eu me incluiria nessa
desordem se fizesse vistas grossas. O evangelicalismo atual é sinônimo de
corrupção, tolerância ao pecado, e falta de ética; está imerso na mentira, no
engano, no estelionato e na hipocrisia; é infiel ao Deus da Bíblia e empenhado
pela conquista e manutenção do poder político.
Se, hoje, ser evangélico significa
viver tão longe do Evangelho de Cristo (como eu tenho percebido), prefiro
redefinir as nomenclaturas que me identificam. Se ser evangélico é ser
representado por Felicianos, Malafaias, e Santiagos, estou bastante perto de
rejeitar esse rótulo para mim mesmo. Não teria dificuldade em dizer: não sou
evangélico!
Sou cristão! Sou um discípulo do nosso
Senhor Jesus Cristo. Eu creio no poder expiatório da Sua morte, e creio que
Deus o ressuscitou dentre os mortos.
Sou católico! Pertenço à verdadeira
Igreja de Deus, a Igreja invisível, o Corpo de Cristo, o Israel de Deus
espalhado por toda a terra.
Sou apostólico! Confesso a doutrina dos
apóstolos e recebo a tradição apostólica como fiel transmissão da verdade.
Minha consciência, portanto, está cativa ao testemunho dos verdadeiros
apóstolos do nosso Senhor. A Bíblia Sagrada (Antigo e Novo Testamentos) é a
minha única regra de fé e conduta.
Sou reformado! Minha fé descende da
Reforma Protestante do Século XVI, especialmente aquela expressa pela doutrina
chamada calvinista.
A maior implicação de tudo isso é que a
minha fé não é dualista. Eu não sou capaz de separar o sacro e o profano, como
se ora eu fosse crente e ora não fosse, como se minha vida fosse
compartimentada. Sou o que sou, e o sou a todo o tempo. Ser cristão-reformado é
viver o que se crê, e praticar o que se confessa. Minha atuação na sociedade,
portanto, é a atuação de um discípulo de Cristo. Se Cristo é odiado pela
sociedade a que pertenço, a mim nada pesa. Continuo confessando-o e seguindo-o,
ainda que isso me custe caro.
“Pois quem quiser salvar a sua vida, a
perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa e pelo evangelho, a
salvará. Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua
alma? Ou, o que o homem poderia dar em troca de sua alma? Se alguém se
envergonhar de mim e das minhas palavras nesta geração adúltera e pecadora, o
Filho do homem se envergonhará dele quando vier na glória de seu Pai com os
santos anjos.” (Marcos 8.35-38).
MAS, E A QUESTÃO EM DEBATE? E OS HOMOSSEXUAIS?
Isso não significa que, ocasionalmente,
surjam coincidências teológicas entre mim e Feliciano (ou com o povo
evangélico), ainda que por razões distintas. Sou biblicamente comprometido com a condenação do erro; portanto,
afirmo e continuarei afirmando: homoafetividade é pecado, e Deus não compactua
com o pecador obstinado! O Deus da Bíblia é gracioso e perdoador, sempre
disposto a receber todo aquele que, arrependido, Lhe invocar o Nome.
Essa é a minha convicção; fundamentada,
não numa moral relativista e social, mas divinamente revelada na Bíblia. Eu sei
que tal postura desagrada a muitos, e conquista inimigos. Também sei que sou
tido por incongruente, uma vez que reconheço uma verdade que é revelada e
absoluta. Ocorre, porém, que importa agradar a Deus antes que aos homens.
“Acaso busco eu agora a aprovação dos
homens ou a de Deus? Ou estou tentando agradar a homens? Se eu ainda estivesse
procurando agradar a homens, não seria servo de Cristo.” (Gálatas 1.10).
Sou contra a homofobia. Sou contra toda
forma de violência. Mas também sou contra essa insistente gritaria promovida
pelos ativistas LGBT, cujo objetivo é constranger os cristãos a pensar
“corretamente”, politicamente correto, ou seja, do jeito deles. Como eles não
podem lutar contra a liberdade de pensamento, contentar-se-iam se ao menos
pudessem calar os cristãos. Ocorre que, dizer o que é pecado, ou não, é questão
de fé. Assim, considerar o estilo vida gay como conduta pecaminosa não é
homofobia, nem ódio a minorias. Dizer que Deus condena homossexuais ao inferno,
tampouco. Trata-se de matéria intocável, a fé, tanto pessoal, como coletiva.
Ninguém é obrigado a acreditar sequer que exista inferno. Não crer, contudo,
não seria suficiente para extingui-lo.
Homofobia é ódio a homossexuais. Não
odeio, amo. Por isso prego, por amor aos pecadores. Porque sei que, se Cristo
perdoou os meus pecados, Ele pode perdoar os de qualquer outro. Somos todos iguais, sim: somos pecadores. A única diferença que haverá no último dia será entre aqueles que foram perdoados e aqueles que não foram.
“O Senhor não demora em cumprir a sua
promessa, como julgam alguns. Ao contrário, ele é paciente com vocês, não
querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento.” (2 Pedro
3.9). “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os
nossos pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1 João 1.9).
Orientação sexual é questão moral, e
quem define a moral cristã não são os não-cristãos! Qualquer pessoa é livre
para discordar de mim, mas jamais poderá me calar, ou me impedir de pregar o
Evangelho de Cristo. Mesmo porque, celas não são mordaças.