terça-feira, 30 de setembro de 2014

O APARELHO EXCRETOR DE LEVY FIDELIX: A QUESTÃO POLÍTICA


Levy Fidelix é a bola da vez! Falou demais e agora enfrenta a fúria da sociedade pós-moderna globalista e inclusivista! A frase mais marcante (porém, não a mais grave) foi: "O aparelho excretor não reproduz!"

Será mesmo que ele falou demais, que se precipitou, que não percebeu seus excessos? Evidentemente, esse foi um risco calculado, que ele e sua equipe decidiram assumir. Ele sabia exatamente o que estava fazendo, e sabia quais seriam as consequências. Fez para atrair holofotes, e atraiu. Engana-se quem pensa que Fidelix pretende ser presidente. Ele não pretende, e nunca pretendeu. Candidatura própria serve para fortalecer o partido, e dar maior fôlego às eleições proporcionais.

Sim, é verdade que Fidelix atraiu antipatia e rejeição. Mas de quem? De quem já não votava nele e no partido dele. Ora, também é verdade que ele conquistou a simpatia de outros tantos. O presidenciável ganha visibilidade na guerra ideológica travada em torno da “homoafetividade”, que tem sido uma das tônicas da presente campanha eleitoral. Ele assumiu um lado, foi enfático, rígido e agressivo. Com isso, a legenda não perde votos; soma. Os eleitores que já desejavam votar nos candidatos do PRTB não deixarão de fazê-lo, afinal, já era sabido que este grupo político desposa os ideais da direita radical. Por outro lado, uma parcela dos eleitores que se identifica ao discurso de Fidelix, decidirá apoiar os candidatos do PRTB nas proporcionais, justamente por causa do referido pronunciamento classificado como homofóbico. No sentido em que a palavra é usada atualmente, sobejam homofóbicos no país. Muita gente se sentiu representada quando ele conclamou os telespectadores: “Vamos ter coragem! Nós somos maioria! Vamos enfrentar essa minoria! Vamos enfrentá-los!”

Polêmicas são o melhor combustível para uma campanha. Os outros nanicos já haviam explorado ao máximo seu direito a voz, fazendo uso de provocações, deboches, e cenas cômicas. Levi Fidelix entrou no jogo. Afinal, qual foi a repercussão do debate? Não se fala de outra coisa!

O episódio do “aparelho excretor”, no entanto, não muda absolutamente nada na eleição presidencial. O objetivo real foi atrair votos que Aécio, Marina e Pastor Everaldo têm puxado para os seus correligionários. A migração de eleitores pode parecer pouco substancial, mas para um partido tão insignificante como o PRTB, qualquer crescimento será significativo. Nos últimos pleitos a legenda fez 2 deputados federais e 10 estaduais (2010), e 16 prefeitos e 420 vereadores (2012). São números baixos. A estratégia escolhida é eficiente: ela soma e não subtrai; ela fortalece o partido, de modo a construir a plataforma necessária para o crescimento futuro. É possível que o tiro saia pela culatra, mas é pouco provável.

Em tempo:

1. Em cerca de duas horas de debate, nenhum candidato fez qualquer pergunta sobre Educação. É notável a preferência em se atingir os eleitores mediante assuntos periféricos de maior visibilidade.

2. Eu pretendia registrar o crédito da observação acima, mas, quando retornei à fonte, fui surpreendido diante do acovardamento do Zero Hora. A pressão da militância intimidou o veículo, e retiraram a referida nota da matéria. Certamente, deve ter sido considerada homofóbica.

3. Ultimamente, tem-se falado muito a respeito do temor generalizado diante da possibilidade de uma “ditadura evangélica” no país. De modo irônico, da parte dos evangélicos não existe essa ambição. A prova disso é o candidato-pastor não conseguir atrair, segundo todas as pesquisas, nem 10% dos votos do eleitorado de origem protestante. Será mesmo que é este grupo social que o brasileiro deve temer? Definitivamente, não são os evangélicos que intimidam e calam seus opositores. Quem faz isso é outro grupo.

4. As considerações do autor sobre os méritos do discurso de Fidelix serão expostas em artigo subsequente.

Um comentário:

  1. A LEI deve ter extensão, ou seja, abrangendo opiniões, eu por exemplo: não sou obrigado
    a tecer amores por certas tendências sexuais; não critico, porém, não comungo.

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