quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

ACREDITO NA VERDADE



por Pr. Mauri Tavares
em 16 de Janeiro de 2013

Não sou muito propenso à polêmica, mas tenho um pendor pela apologética. Polêmica, tecnicamente, como se sabe, é um debate entre cristãos sobre doutrinas. Apologética, por outro lado, é o esforço racional para mostrar que o Cristianismo não é um absurdo e que todas as outras cosmovisões possuem aporias e incongruências insuperáveis. O polemista se baseia, quase que exclusivamente, nas Escrituras Sagradas, enquanto que o apologeta procura evidências da verdade bíblica em toda a criação e nas relações entre os seres criados. Isso porque, a Palavra de Deus, que se fez escritura, estava voltada para Deus, em absoluta harmonia com Ele, sendo Ela própria Deus. Essa mesma Palavra, que se fez carne e habitou entre nós, foi causa da existência de tudo, e é o seu poder atuante e onipresente que sustenta o universo todo. Assim, o Logos de Deus, que arquitetou a humanidade compõe, também, a estrutura da própria natureza.

Por esta razão, é possível o conhecimento em todos os seus níveis. O pressuposto da relação causal, indispensável à cognição, faz parte da estrutura mental humana. Sem a certeza de que presentes certas causas ocorrem determinados efeitos, a ciência seria impossível. Negar essa verdade é uma negativa do próprio bom senso e, levada às últimas consequências esse ceticismo, a própria vida se torna impossível. Uma dona de casa não poderia fazer nem mesmo um bolo, pois sempre duvidaria de que, utilizando uma dada receita, o resultado esperado se daria. Como disse alguém, ninguém atravessaria nem uma rua sequer, pois a dúvida levaria o pedestre a jamais acreditar que suas vistas estão certas, quanto à ausência de movimento de veículos, naquele exato momento.

Muitos pensadores da atualidade outra coisa não fazem senão reagir ao racionalismo confiante e reducionista, que tanta desgraça produziu. Tais pensadores não podem propor algo melhor, pois caminham para outro extremo e, como já foi afirmado: ‘os extremos se tocam’. Logo, reagindo ao racionalismo, estimulam a irracionalidade, com base em uma racionalidade naturalista, materialista, existencialista, reducionista e, por demais, duvidosa. Alguns dizem até que, seguindo esta linha, a humanidade pode reviver a Idade das Trevas. Contudo, durante a Idade Média, não obstante todo o obscurantismo, a Verdade Absoluta não era negada. Assim, concordo com Karl Marx que, referindo-se ao sobrinho de Napoleão Bonaparte, disse que a história se repete duas vezes, sendo a primeira como tragédia e a segunda, uma farsa. Falsear uma tragédia não é menos grave do que a própria tragédia. Aqueles que negam a regularidade entre causa e efeito, com base no movimento de partículas que só podem ser contempladas mediante teorias aproveitáveis, porém não ‘absolutizáveis’, precisam ainda provar em que ponto da partícula a força propulsora do movimento tocou ou em que lugar dela está o seu próprio motor, demonstrando que o movimento segue direção diferente da força resultante. Isso ainda não foi feito.

Construir filosofias com base em afirmações científicas, sempre mutáveis, não corrobora o desenvolvimento da humanidade. A ordem não pode ser alterada. A Ciência sempre veio a reboque da Filosofia, contribuindo com esta numa relação dialética, mas colocar a Filosofia a reboque da Ciência significa tirar toda a certeza de toda e qualquer proposição. É exatamente isso que está ocorrendo, hodiernamente. Não é isso que dizem os filósofos da linguagem? Asseveram que a linguagem cria as verdades, mas não pode reproduzir a Verdade. Esta fica ao alvedrio dos intérpretes, que definem o sentido e o significado do texto. Logo, cada qual define a sua verdade e o caos já está instalado.

Eu, que sou cristão, acredito na Verdade. O mundo atual não se encontra na situação de normalidade com a qual fora criado. Contudo, mesmo na sua anormalidade, provocada pela Queda, nunca deixou de revelar a Verdade, que deve e pode ser perscrutada nas ruínas da existência, marcada pela luta entre o bem o mal, cuja história começa com a atitude humana de decidir, por si, o que é certo e o que é errado, na tentativa de conquistar sua autonomia, retirando o Deus da Vida da vida terrenal.

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